Lobini H1: o último dos moicanos?
Diz a lenda que, em visita ao Brasil, executivos chineses se surpreenderam com a inexistência de uma montadora de grande porte 100% nacional. De fato, o nosso mercado sempre contou com pequenos fabricantes que, vez ou outra, lançam veículos fora-de-série, em sua grande maioria esportivos. Apenas o visionário Amaral Gurgel, que voltou às manchetes por conta da venda do terreno que um dia foi palco de seu sonho, ousou ir além e planejou uma linha completa de veículos robustos, populares e duráveis, logo trucidados pelas grandes montadoras. No final das contas, Gurgel teve o mesmo destino de Preston Tucker: a falência.
Recentemente, duas pequenas montadoras ganharam espaço no final dos anos 1990: a Troller e a Lobini. Entretanto, como a primeira delas, fabricante cearense de jipes com motores MWM, foi adquirida recentemente pela Ford, a Lobini tornou-se o único representante brasileiro de expressão por aqui. Sim, existe a TAC e seu jipe Shark, apresentado no último Salão do Automóvel, mas, por ora, a empresa com sede em Cotia (SP) é o centro das atenções. Assim como parte dos esportivos made in Brasil, o H1 utiliza componentes de diversos modelos, no melhor estilo Frankestein de ser, a começar pelo motor que o impulsiona. Trata-se do 1.8 Turbo 20V, o mesmo que equipava o Audi A3 e o Golf GTI IV. Os 180 cavalos de potência são mais do que suficientes para movimentar a carroceria de plástico reforçado com fibra.
Sente-se no banco do motorista (após uma boa sessão de contorcionismo) e repare nos mostradores: eles também vieram do médio da Volkswagen. Já as saídas de ar são do Celta, enquanto que o controle das mesmas vem do Ford Ka. Mas, apesar das semelhanças, a posição de dirigir é única, ou seja, baixa, como manda o figurino. O carro, equipado com direção hidráulica, ar condicionado e bancos do tipo concha, comprova o seu temperamento esportivo ao atingir a casa dos 100 km/h em menos de seis segundos. O design, que lembra um pouco o Lotus Elise, divide opiniões, já que alguns apontam falta de harmonia nas linhas. Mas o principal defeito do veículo não está na estética, e sim no bolso: o preço de R$ 170 mil assusta potenciais compradores, que encontram no mercado opções mais acessíveis e de melhor qualidade de construção, como o BMW 120i (R$ 143.000), Audi A3 Sportback 2.0 Turbo (R$ 156.687) e o Chrysler 300C (pelo mesmo valor do H1). É o preço que paga pela exclusividade. E pelo patriotismo também.
Até a próxima!
Vitor
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