domingo, 17 de fevereiro de 2008

O "recall" da Troller Pantanal


Cada vez mais, os recalls tornam-se uma prática comum na indústria brasileira. O termo, que na década passada era pouco conhecido no país, se popularizou nos últimos anos, por conta de pequenos reparos em defeitos de fabricação. Recentemente, o caso do mecanismo de rebatimento do banco traseiro do VW Fox ganhou espaço na mídia, por conta das conseqüências e da postura do fabricante.

Mas outro caso promete causar polêmica nos próximos dias. A bola da vez é a Ford, que no passado já enfrentou um sério caso de recall nos EUA, que vitimou alguns motoristas por um defeito nos pneus. Dessa vez, porém, a história se passa aqui e envolve uma de suas marcas, a Troller. Adquirida pelos norte-americanos no início de 2007, a montadora brasileira ganhou fama com o T4, jipe “frankestein” (utiliza peças de vários modelos disponíveis no Brasil) conhecido por sua robustez dentro e fora das trilhas.

Dois anos atrás, os cearenses lançaram um novo produto para bater de frente com a Mitsubishi L200. Batizada de Pantanal, a picape vinha apenas com opção de cabine simples e possuía um propulsor MWM Turbo Diesel de 3,0 litros e 163 cavalos de potência. Com a aquisição da marca, porém, o modelo acabou sendo descontinuado e o T4 restou com única opção para os fãs do fora-de-estrada.

A picape permanecia esquecida até que, surpreendemente, a Ford anunciou no último sábado (15) o recolhimento das 77 unidades da Pantanal. De acordo com o fabricante, os problemas no chassi, que pode trincar e comprometer sua integralidade, não podem ser reparados. Assim, a solução será adquirir todos os exemplares seguindo os valores da tabela FIPE. Quem se recusar a vender o veículo deve assinar um termo de responsabilidade isentando a Ford de responsabilidade em caso de acidente.

Alguns sites e fóruns da Internet levantaram suspeitas sobre essa decisão inédita na história da indústria automotiva nacional. Entre elas, o fato de que a Ford não deseja continuar fabricando peças de reposição para a Pantanal por mais uma década, como reza a lei em caso de veículos descontinuados. É difícil saber se a teoria tem ou não algum fundo de verdade, mas pode-se classificar a atitude no mínimo como estranha. Pelo sim ou pelo não, o fato é que a picape deve virar uma jóia rara. Bem rara.

Até a próxima!

Vitor

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