Facelift: reciclar sem renovar
O mundo dos carros é mesmo curioso. Talvez por uma coincidência, três dos últimos lançamentos no Brasil (Golf, Palio e Fiesta) foram apresentados com pompa e status de "novos" produtos. Mas um olhar mais atento não demora a perceber que eles passaram por uma cirurgia plástica, conhecida no meio como facelift. E, assim como na estética, sua função é dar aquela levantada, no caso uma reestilização no visual (dos carros, diga-se).
Alguns podem torcer o nariz e dizer que o Brasil é um país atrasado, ultrapassado e que, salvo raras exceções (como Civic, Polo Hatch e 307), dificilmente consegue manter seus veículos em sintonia com os que são vendidos mundo afora. É, pode até ser verdade, mas o fato é que trata-se de uma solução para dar fôlego e, em alguns casos, até incrementar de forma significativa as vendas de um veículo.
Claro que se trata de uma questão de gosto, e todos sabem que "gosto não se discute". Mas aí vão alguns bons exemplos de facelift: os já citados VW Polo Hatch e Golf, Peugeot 307, Porsche Cayenne 2008, Fiat Siena (que caiu nas graças do público após a segunda geração), entre outros... Existe uma espécie de regra na indústria, especialmente no mercado europeu que diz que o ciclo de vida de um carro é de aproximadamente oito anos, sendo que quando ele atinge metade de sua "vida" ele recebe um tapa no visual. É algo comum com montadoras como Audi, Mercedes e BMW.
Mas também existem casos em que as coisas não saem como planejado, e o consumidor acaba acusando o erro. Ainda é muito prematuro para se falar isso, mas enquetes virtuais indicam que a Fiat vacilou ao renovar o visual de seu best-seller Palio. Muitos acham que ele ficou mais recatado e conservador, ainda mais quando comparamos ao design da quarta geração. Outro exemplo de retrocesso, a meu ver, é o Celta. A frente ficou mais bonita, e lembra bem o Vectra. Mas a traseira de seu antecessor era mais harmoniosa, suas lanternas ficaram mais estreitas, o que dá uma impressão de fragilidade, e por fim o vidro traseiro não casa com o resto do visual.
Pode até ser um tema polêmico, e também não sou nenhum especialista em design para dizer o que é certo ou errado (esse papel caberia a um dos membros do Motor Haus que anda mais do que ausente, hehehe), mas está dado o meu pitaco.
E como tudo que está ruim pode piorar, veja abaixo alguns exemplos de facelifts, todos veículos comercializados na China (atualmente um mercado que desperta a atenção de todas as montadoras) e baseados em modelos que já foram ou são vendidos no Brasil.
Em sentido horário:
1) Shanghai Santana 3000: fruto de uma aliança entre a VW e o grupo Shanghai, faz sucesso no país e é vendido como top de linha. A marca também comercializa o Santana, modelo produzido por aqui na década de 80!
2) Fiat Perla: trata-se do "Novo Siena" deles. Antes do lançamento do Novo Palio 2008, especulou-se que a Fiat adotaria os traços de sua filial chinesa.
3) FAW Golf: outro filho de uma aliança VW-empresa chinesa. Felizmente os brasileiros decidiram desenvolver sua própria reestilização que, diga-se, teve resultados bem melhores.
4) Chevy Sail: disponível nas versões sedan e perua, com frente e traseira renovadas, mas perfil e interior idênticos à Corsa Sedan (hoje conhecido como Classic) e Corsa Wagon.
Até a próxima!
Vitor
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